CONSULTA PÚBLICA Nº 72
Proposta de Consulta Pública para definição de Procedimentos de Ensaios para Avaliação da Densidade de Potência em Produtos para Telecomunicações.?
Nas faixas de RF de 4 MHz a 6 GHz, a avaliação da exposição humana é realizada por meio da medição da Taxa de Absorção Específica (SAR), em razão dos efeitos biológicos causados pela exposição humana a CEMRF, que ocorrem, predominantemente, na forma de aquecimento dos tecidos internos ao corpo humano ou órgãos viscerais. Já nas faixas de RF de 6 GHz a 100 GHz, a medida dosimétrica relevante é a avaliação da Densidade de Potência, em razão de, nas faixas de ondas milimétricas, ou  mmWave , os efeitos ocorrerem, predominantemente, sob a forma de aquecimento dos tecidos localizados na superfície do corpo humano. Cita-se, como exemplo deste último caso, que cerca de 86% da exposição a CEMRF, na faixa de 6 GHz a 300 GHz, é absorvida a uma profundidade do tecido epitelial de 0,2 mm a 8 mm, de acordo com o ICNIRP -  Guidelines for Limiting Exposure to Electromagnetic Fields.
Sendo assim, a consulta pública de proposta de Procedimentos de Ensaios para Avaliação da Densidade de Potência têm por objetivo avaliar produtos que operam nas faixas de RF de 6 GHz a 100 GHz, em especial, devido ao desenvolvimento de novas tecnologias, tais como, o padrão 5G  New Radio  - NR,  Frequency Range 2  - FR2, de acordo com a norma 3GPP TS 38.521-2  version  16.6.0  Release  16.
A Proposta elaborada pela área técnica da ORCN faz referência a várias normas internacionais, além da IEC TR 63170, tendo em vista estabelecer procedimentos de ensaios não contemplados pela norma IEC TR 63170, como também, para permitir futura transição para as normas IEC/IEEE 63195-1 e IEC/IEEE 63195-2.
Processo SEI nº 53500.031925/2021-61
MINUTA DE ATO

O SUPERINTENDENTE DE OUTORGA E RECURSOS À PRESTAÇÃO DA ANATEL, no uso das atribuições que lhe foram conferidas pela Resolução nº 715, de 23 de outubro de 2019;

CONSIDERANDO a competência dada pelos Incisos XIII e XIV do art. 19 da Lei nº 9.472/97 – Lei Geral de Telecomunicações;

CONSIDERANDO o § 2º do art. 22 do Regulamento para Avaliação da Conformidade e Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovado pela Resolução nº 715, de 23 de outubro de 2019; 

CONSIDERANDO a necessidade de instituição de procedimentos de ensaios para que novos produtos terminal de usuários possam operar em faixas de radiofrequências superiores a 6 GHz, de acordo com os limites máximos permitidos para a densidade de potência (PD);

CONSIDERANDO o constante dos autos do processo nº 53500.036237/2022-78;

RESOLVE:

Art. 1º Aprovar os Procedimentos de Ensaio para Avaliação da Densidade de Potência de Produtos para Telecomunicações operando na faixa de radiofrequências de 6 GHz a 100 GHz, na forma do Anexo a este Ato, para efeitos de avaliação da conformidade técnica junto à Agência Nacional de Telecomunicações.

Art. 2º  Este Ato entra em vigor na data de sua publicação no Boletim de Serviços Eletrônico da Anatel, sendo mandatória a aplicação do seu anexo 60 dias após a data de sua publicação.


ANEXO AO ATO Nº XXXXX DE XXXXX DE XXXXX DE 2022

PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE POTÊNCIA DE PRODUTOS PARA TELECOMUNICAÇÕES


1. OBJETIVO

1.1.Este documento estabelece os procedimentos de ensaios para avaliação da densidade de potência, na faixa de radiofrequências de 6 GHz a 100 GHz, para fins de avaliação da conformidade técnica de produtos junto à Agência Nacional de Telecomunicações.


2. REFERÊNCIA NORMATIVAS

2.1.Para fins deste documento, são adotadas as seguintes referências:

2.1.1.Regulamento de Avaliação da Conformidade e de Homologação de Produtos para Telecomunicações, aprovado pela Resolução n° 715, de 23 de outubro de 2019.

2.1.2.Plano de Atribuição, Destinação e Distribuição de Faixas de Frequências no Brasil (PDFF).

2.1.3.Regulamento sobre a Avaliação da Exposição Humana a Campos Elétricos, Magnéticos e Eletromagnéticos Associados à Operação de Estações Transmissoras de Radiocomunicação, aprovado pela Resolução nº 700, de 28 de setembro de 2018.

2.1.4.Limites de Exposição Ocupacional e da População em Geral a Campos Elétricos, Magnéticos e Eletromagnéticos, anexo ao Ato nº 458, de 24 de janeiro de 2019, ou por outro instrumento normativo que vier a substituí-lo.

2.1.5.ICNIRP Guidelines for Limiting Exposure to Electromagnetic Fields (100 kHz to 300 GHz) Published in: Health Phys 118(5): 483–524; 2020.

2.1.6.IEC TR 63170:2018 - Measurement Procedure for the Evaluation of Power Density Related to Human Exposure to Radio Frequency Fields from Wireless Communication Devices Operating Between 6 GHz and 100 GHz.

2.1.7.IEEE Std C95.3:2021 - IEEE Recommended Practice for Measurements and Computations of Electric, Magnetic, and Electromagnetic Fields with Respect to Human Exposure to Such Fields, 0 Hz to 300 GHz.

2.1.8.IEC/IEEE 62209-1528:2020 - Measurement procedure for the assessment of specific absorption rate of human exposure to radio frequency fields from hand-held and body-mounted wireless communication devices – Part 1528: Human models, instrumentation, and procedures (Frequency range of 4 MHz to 10 GHz).

2.1.9.IEC/IEEE 62704-1:2017 - Determining the Peak Spatial-Average Specific Absorption Rate (SAR) in the Human Body from Wireless Communications Devices, 30 MHz to 6 GHz - Part 1: General Requirements for Using the Finite-Difference Time-Domain (FDTD) Method for SAR Calculations.

2.1.10.IEC/IEEE 62704-3:2017 - Determining the peak spatial-average specific absorption rate (SAR) in the human body from wireless communications devices, 30 MHz to 6 GHz - Part 3: Specific requirements for using the finite difference time domain (FDTD) method for SAR calculations of mobile phones.

2.1.11.IEC/IEEE 62704-4:2020 - Determining the peak spatial-average specific absorption rate (SAR) in the human body from wireless communication devices, 30 MHz to 6 GHz - Part 4: General requirements for using the finite element method for SAR calculations.

2.1.12.ISED SPR-003 - Supplementary Procedure for Assessing Radio Frequency Exposure Compliance of Portable Devices Operating in the 60 GHz Frequency Band (57-71 GHz).

2.1.13.ABNT NBR ISO/IEC 17.025 - Requisitos gerais para competência de laboratórios de ensaio e calibração.

2.1.14.INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA – INMETRO. Guia para expressão da incerteza de medição.


3. DEFINIÇÕES

3.1.Para fins deste documento, aplicam-se as definições dos Procedimentos de Ensaio para Avaliação da Taxa de Absorção Específica (SAR) de Produtos para Telecomunicações publicados pela Anatel, além das relacionadas a seguir:

3.1.1.Algoritmo de Reconstrução de Fase: é o procedimento matemático, com incerteza conhecida, utilizado para determinar a distribuição da densidade de potência, na superfície de avaliação, utilizando-se dos valores medidos das intensidades dos campos elétricos ou magnéticos em uma ou mais superfícies de medição ou em um volume.

3.1.2.Array: é a antena que contém vários elementos irradiantes, utilizados para transmitir ou receber sinais processados coletivamente.

3.1.3.Área Média (Amed): é a área retangular ou circular na superfície de avaliação sobre a qual a densidade de potência é calculada. Para superfície de avaliação plana, deve ser considerado um quadrado com comprimento lateral L = (Amed)^(1/2). Caso a superfície não seja plana, deve ser considerada uma circunferência com raio r = ( Amed/π )^(1/2).

3.1.4.Codebook: é a especificação técnica de todas as combinações ou configurações de amplitude e fase do sinal aplicado em um array ou subarray de antenas, com o objetivo de alterar a direção de irradiação do lóbulo principal nos planos horizontal e vertical.

3.1.5.Densidade de Potência Equivalente de Onda Plana: é a densidade de potência de uma onda eletromagnética que possui magnitude igual a densidade de potência de uma onda plana.

3.1.6.Densidade de Potência Espacial Média (sPD): é energia por unidade de tempo e por unidade de área que cruza uma superfície de área A caracterizada pelo vetor unitário normal, expressa pela equação a seguir:

 

 

 

 

 

 

 

 

3.1.7.Para campos harmônicos no tempo, a seguinte equação pode ser utilizada:

3.1.8.Densidade de Potência Espacial Média de Pico (psPD): é o valor máximo global dentre todos os valores de sPD  nos pontos da superfície de avaliação, expressa pela seguinte equação:

Em que:

r é um ponto na superfície de avaliação

3.1.9.Densidade de Potência Local (PD) ou Densidade de Potência ou Vetor de Poynting no Ponto de Avaliação: é a energia por unidade de tempo e por unidade de área que cruza a superfície infinitesimal dA caracterizada pelo vetor unitário normal, expressa pela seguinte equação:

3.1.10.Domínio Computacional: é conjunto formado por todas as localizações espaciais em que os campos elétricos e magnéticos são calculados por equações matemáticas ou algoritmos computacionais.

3.1.11.Duty Factor: é a razão entre a duração de um pulso e seu período de repetição em um trem de pulsos periódico.

3.1.12.Modo de Operação: é a tecnologia ou o padrão de comunicação sem fio utilizada pelo TSC (terminal sob certificação).

3.1.13.Região de Campo Distante: é o espaço além do limite ao redor de uma antena, no qual a distribuição do campo angular é independente da distância da antena. Neste espaço, o campo possui características predominantemente de onda plana.

3.1.14.Região de Campo Próximo: é o espaço entre a antena e a região de campo distante, em que o campo elétrico (E) e o campo magnético (H) não possuem características de onda plana.

3.1.15.Sinais Correlacionados: são sinais que possuem resultado diferente de zero quando aplicados a integral de correlação no domínio do tempo, em qualquer instante de tempo. Para maiores detalhes sobre sinais correlacionados consulte a norma IEC TR 62630.

3.1.16.Sub-Array: é um subconjunto de elementos de um array em que os elementos são conectados entre si. Dois ou mais sub-arrays podem compartilhar elementos radiantes entre si.

3.1.17.Superfície de Avaliação: é a superfície virtual ou plano de avaliação da densidade de potência capaz de produzir uma estimativa conservadora da exposição de RF em relação ao limite normativo.

3.1.18.Superfície de Medição: é a superfície em que os componentes de interesse dos campos E e H podem medidos utilizando-se uma sonda capaz de detectar a magnitude desses componentes.

3.1.19.Superfície Virtual: é a representação geométrica de uma superfície plana ou do mapa conformal da superfície em espaço livre. A superfície de avaliação corresponde à superfície interna do manequim SAM que está localizada a 2mm da superfície externa, de acordo com a norma IEC/IEEE 62209-1528.

3.1.20.Vetor de Poynting (S): é a transferência de energia por unidade de área e por unidade de tempo, em W/m^2, definido pela equação: S = E x H. Para campos harmônicos no tempo: E = Re(Es e^jωt) e H = Re(Hs e^jωt), o vetor de Poynting médio no tempo é definido pela equação: S = Re( Es x Hs* )/2.

3.2.A Tabela 1 apresenta, para fins deste documento, as principais grandezas, seus respectivos símbolos e unidades.

Tabela 1

Grandeza

Símbolo

Unidade

Intensidade de Campo Elétrico

E

V/m

Intensidade de Campo Magnético

H

A/m

Densidade de Potência Local

PD

W/m^2

Densidade de Potência Espacial Média

sPD

W/m^2

Densidade de Potência Espacial Média de Pico

psPD

W/m


4. METODOLOGIA DOS PROCEDIMENTOS PARA AVALIAÇÃO DA DENSIDADE DE POTÊNCIA

4.1.A metodologia dos procedimentos de para avaliação da conformidade da densidade de potência de produtos para telecomunicações, operando na faixa de radiofrequências de 6 GHz a 100 GHz, é apresentada de forma resumida pelo fluxograma da Figura 1.

Figura 1


5. PLANEJAMENTO DA AVALIAÇÃO A SER REALIZADA

5.1.O planejamento da avaliação constitui etapa relevante que antecede a realização dos procedimentos de ensaios. No planejamento, podem ser utilizadas as recomendações estabelecidas pela norma IEEE C95.3-2021 (Referência 2.1.7).

5.2.Os seguintes aspectos devem ser considerados na etapa de planejamento:

a) o tipo de TSC a ser avaliado; 

b) a quantidade, localização e modo de operação das antenas e suas possíveis opções de direcionamento de feixes, incluindo-se arrays e sub-arrays;

c) as tecnologias sem fio empregadas pelo TSC, como também, a transmissão de sinais correlacionados e não correlacionados; dentre outros;

d) transmissores operando abaixo de 6 GHz que possam influenciar os valores de PD devido ao acoplamento, dentre outros, e demais influências que devem ser levadas em consideração;

e) a superfície de avaliação, posição de teste, faixas de radiofrequências e configurações; e

f) outros.


6. VERIFICAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO

-


6.1. Requisitos do Sistema de Medição

6.1.1.O sistema de medição deve atender as disposições do item 5 e dos anexos A, B e C da norma IEC TR 63170  (Referência 2.1.6).


6.2. Validação do Sistema

6.2.1.A validação do sistema deve ser realizada de acordo com o disposto nos Anexos A e C da norma IEC TR 63170.


6.3. Verificação do Sistema

6.3.1.A verificação do sistema deve ser realizada de acordo com o disposto no item 6.2.1 e nos Anexos A, B e C da norma IEC TR 63170.


6.4. Algoritmos de Reconstrução

6.4.1.Quando a superfície de avaliação estiver localizada na região de campo próximo, algoritmos de reconstrução podem ser utilizados.

6.4.2.Algoritmos de reconstrução utilizam métodos numéricos para realizar a transformação de valores obtidos na superfície de medição para os valores correspondentes na superfície de avaliação, de acordo com a representação genérica e resumida da Figura 2.

6.4.2.1.Os algoritmos de reconstrução devem ser validados e documentados pelo fabricante do TSC.

6.4.2.2.As dimensões da superfície de medição devem ser estabelecidas pelo fabricante do TSC, em função da metodologia de medição e das configurações de testes necessárias para avaliar o TSC.

6.4.2.3.A documentação fornecida pelo fabricante do TSC deve conter informação detalhada sobre como os componentes de campo, nos pontos de medição, devem ser utilizados para obter o valor da densidade de potência na superfície de avaliação.

6.4.2.4.O valor da incerteza deve estar de acordo com as disposições da norma IEC TR 63170. 

6.4.2.5. Outros algoritmos de reconstrução de campo próximo podem ser utilizados, desde que os critérios estabelecidos pelos itens anteriores e o disposto no Anexo F da norma IEC TR 63170 sejam atendidos.

Figura 2 - Fonte: IEC/IEEE 63195-1 ED1


7. PREPARAÇÃO DO TSC

-


7.1. Preparação para a Realização dos Procedimentos de Ensaios

7.1.1.A preparação do TSC deve ser realizada de acordo com o item 6.2.2 da norma IEC TR 63170.

7.1.2.Não se aplica, para fins da realização dos procedimentos de ensaios, o uso de geradores de sinais ou conjuntos formados por sintetizadores e amplificadores para substituição do TSC, de acordo com as disposições da norma IEC TR 63170.


7.2. Superfície de Avaliação e Posições de Ensaios do TSC

7.2.1.O fabricante do TSC deve informar todas as posições de uso aplicáveis do TSC. Os locais e orientações das superfícies de avaliação devem ser determinadas com base nas posições de uso do TSC.

7.2.2.O formato da superfície de avaliação depende das regiões do corpo humano sujeitas à exposição: 

7.2.2.1.Para a região do tronco ou outras regiões planas do corpo humano, a forma e a extensão da superfície de avaliação podem corresponder à superfície virtual interna do manequim plano, incluindo-se o manequim elíptico especificado pela norma IEC/IEEE 62209-1528 (Referência 2.1.8).

7.2.2.2.Para a região do ouvido, podem ser utilizadas 4 (quatro) superfícies de avaliação, quais sejam, às posições das bochechas esquerda e direita, e suas inclinações à esquerda e à direita, de acordo com as disposições da norma IEC/IEEE 62209-1528, exceto nos seguintes casos:

a) Quando puder ser comprovado que o valor da exposição em qualquer das inclinações, para todas as configurações da antena, é sempre inferior a 50% do valor da exposição na bochecha correspondente, está dispensada a realização de procedimentos de ensaio para esta inclinação. As informações comprobatórias devem ser apresentadas no relatório de ensaios. 

b) Com exceção do pavilhão auricular que deve ser caracterizado em todos os seus pontos representativos a uma distância de 2 mm da superfície externa do manequim, as superfícies de avaliação virtual devem corresponder à respectiva superfície interna do manequim especificado de acordo com a norma IEC/IEEE 62209-1528.

7.2.2.3.Quando o TSC for utilizado em frente à face do usuário ou no topo da cabeça, a superfície de avaliação deve ser escolhida de tal forma que o resultado da avaliação da exposição seja sempre conservador. Neste caso, informações sobre a posição do TSC e a superfície de avaliação devem ser apresentadas no relatório de ensaios.

7.2.2.4.Caso, a superfície plana ou a superfície do manequim não permitam realizar uma estimativa conservadora ou realista da exposição ou caso o uso pretendido do dispositivo seja em outras partes do corpo humano, superfícies de avaliação específicas podem ser utilizadas, desde que atendam as disposições da norma IEC/IEEE 62209-1528. Neste caso, justificativa deve ser apresentada no relatório de ensaios.


7.3. Distancia de Avaliação do TSC

7.3.1.A distância de avaliação a ser utilizada nos procedimentos de ensaios é a distância de separação entre o TSC e a superfície de avaliação informada pelo fabricante do TSC, conforme o uso habitual do equipamento.

7.3.2.As medições nas condições em que a estação terminal portátil opera próxima a qualquer parte corpo humano e não próxima à orelha devem ser realizadas com a distância de avaliação de, no máximo, 15 mm.

7.3.3.Para que seja possível utilizar manequim de acordo com o disposto pela norma IEC/IEEE 62209-1528 para a realização de procedimentos de ensaios, deve ser avaliado se o valor da distância de separação entre o TSC e a superfície virtual corresponde à distância de avaliação informada pelo fabricante do TSC.


7.4. Faixas de Radiofrequência para a Realização dos Procedimentos de Ensaios

7.4.1.A seleção das faixas de RF a serem utilizadas nos procedimentos de ensaios deve ser realizada de acordo com o disposto no item 6.2.4 da norma IEC TR 63170.


7.5. Configurações do TSC para a Realização dos Procedimentos de Ensaios

7.5.1.O TSC deve ser avaliado em todas as faixa de RF do TSC. A escolha da tecnologia a ser utilizada em cada faixa de RF deve ser aquela em que o índice de modulação e codificação (Modulation Coding Scheme - MCS) e a taxa de transmissão do TSC produzem o maior valor de potência de transmissão.

7.5.2.O duty factor a ser utilizado durante a execução dos procedimentos de ensaios deve estar de acordo com a tecnologia de transmissão do TSC.


7.6. TSC com Array ou Sub-array de Antenas

7.6.1.A avaliação do TSC deve ser realizada em todos os arrays ou sub-arrays de antenas do TSC.

7.6.2.A avaliação consiste na obtenção dos valores de intensidade dos campos E e H na superfície de avaliação, relativa às posições de ensaio do TSC, para cada configuração aplicável de amplitude e fase dos elementos dos arrays ou sub-arrays de antenas. 

7.6.3.Os valores das intensidades dos campos E e H podem ser utilizados ??para calcular os respectivos valores de sPD e psPD.

7.6.4.Caso as informações técnicas sobre os arrays e sub-arrays de antenas do TSC sejam especificadas em codebook, apenas as combinações de amplitude e fase especificadas no codebook devem ser avaliadas para determinar a intensidade dos campos E e H.

7.6.4.1.Caso não haja especificação de antenas em codebook, os campos produzidos por todos os elementos dos arrays ou dos sub-arrays de antenas devem ser avaliados para estimar a distribuição da densidade de potência em cada superfície de avaliação.

a) Para cada elemento do array ou do sub-array de antenas, a intensidade dos campos E e H deve ser determinada por meio da avaliação de todas as possíveis configurações de amplitude e fase, exceto no caso a seguir.

b) Quando todos os elementos de um array ou de um sub-array de antenas forem excitados pelo mesmo valor de amplitude, apenas as excitações de fase devem ser avaliadas.


7.6.5. Método do Limite Superior

7.6.5.1.O método do limite superior deve ser executado de acordo com o disposto no item G.2 da norma IEC TR 63170.

a) Todos os resultados obtidos por intermédio do método do limite superior devem ser apresentados no relatório de ensaios.

7.6.5.2.Além do método do limite superior, outras técnicas de maximização podem ser utilizadas, desde que sejam capazes de obter valores conservadores de densidade de potência e resultem em valor de incerteza aceitável. 

a) Os resultados obtidos por intermédio de técnicas de maximização devem ser apresentados no relatório de ensaios, acompanhados de descrição detalhada sobre a técnica de maximização, sua fundamentação lógica e o valor da incerteza associado.


8. MODELO COMPUTACIONAL (OPCIONAL)

8.1.Modelo Computacional

8.1.1.Modelos computacionais podem ser utilizados para determinar todas as configurações de arrays ou sub-arrays de antenas que apresentem os maiores valores de sPD e psPD na faixa de RF de 6 GHz a 100 GHz.

8.1.1.1.Modelos computacionais podem utilizar os métodos Finite-Difference Time Domain - FDTD e Finite Element Method - FEM, de acordo com as normas IEC/IEEE 62704-1, IEC/IEEE 62704-3 e IEC/IEEE 62704-4 (Referências 2.1.9, 2.1.10 e 2.1.11, respectivamente).

8.1.1.2.Modelos computacionais devem ser capazes de determinar os valores de E, H, PD, sPD, psPD e a distribuição espacial dessas grandezas nas condições de maior nível de exposição.

8.1.2.A superfície de avaliação deve estar contida no domínio computacional ou o domínio computacional deve ser capaz de garantir que os componentes de campo reativo não sejam afetados por condições de contorno de absorção.

8.1.2.1.Para fins de economicidade de recursos computacionais, pode ser realizado truncamento dos valores do domínio computacional, desde que seja comprovado que o resultado do truncamento não produz alterações significativas sobre os valores relativos às características de RF do modelo computacional e às incertezas relevantes, no relatório de ensaios.

8.1.3.Deve ser realizado estudo de convergência sobre os parâmetros de malha utilizados. O estudo de convergência e os critérios utilizados na execução da simulação com o modelo computacional devem ser apresentados no relatório de ensaios.

8.1.4.Os valores de sPD e psPD devem ser calculados na superfície de avaliação. 

8.1.4.1.Quando a superfície de avaliação for plana, os valores de sPD e psPD devem ser calculados sobre uma área quadrada que esteja totalmente contida na superfície de avaliação, de acordo com a definição do termo Área Média (Amed) neste documento.

8.1.4.2.Quando a superfície de avaliação não for plana, os valores de sPD e psPD devem ser calculados sobre uma área circular, que esteja totalmente contida na superfície de avaliação, de acordo com a definição de Área Média (Amed) neste documento.

8.1.5.Os resultados obtidos por intermédio do modelo computacional que apresentem os maiores valores de sPD e psPD devem ser validados por meio da realização de procedimentos de ensaios com sistema de medição, de acordo com o item: PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS DA DENSIDADE DE POTÊNCIA deste documento.

8.1.5.1.Caso os resultados de sPD e psPD obtidos por intermédio do modelo computacional sejam inferiores ou iguais a 50% do limite da exposição, as configurações de cada array ou sub-array de antenas que apresentem os 3 (três) maiores valores de sPD e psPD devem ser validados por meio da realização de procedimentos de ensaios com sistema de medição.

8.1.5.2.As seguintes informações sobre os maiores valores de sPD e psPD obtidos por intermédio do modelo computacional e dos procedimentos de ensaios devem ser apresentadas no relatório de ensaios:

a) gráficos contendo os valores de PD, E e H na superfície de avaliação, anteriores e posteriores ao cálculo de sPD e psPD.

b) tabela contendo os valores de sPD e psPD e suas respectivas localizações na superfície de avaliação; e

c) tabela contendo os valores RMS dos componentes dos campos E e H, nos respectivos pontos de sPD da superfície de avaliação.


8.2. Computer-Aided Design (CAD) do TSC

8.2.1.Modelo CAD do TSC deve ser construído em espaço livre e atender as disposições do item: DA PREPARAÇÃO DO TSC deste documento.

8.2.2.Para fins de economicidade de recursos computacionais, pode ser realizado truncamento dos valores do modelo CAD do TSC, desde que seja comprovado que o resultado do truncamento não produz alterações significativas sobre os valores relativos às características de RF do modelo computacional e às incertezas relevantes, no relatório de ensaios.

8.2.3.Sempre que possível, todas as partes condutoras e suas respectivas propriedades dielétricas que sejam suscetíveis a variações em função das faixas de RF utilizadas pelo TSC, devem ser integradas no modelo CAD do TSC.

8.2.4.Os objetos e camadas do modelo CAD do TSC devem ser organizados em arquivo eletrônico contendo tabela sobre: os materiais do TSC que apresentem variações de suas propriedades dielétricas em função das faixas de RF utilizadas pelo TSC, a localização físicas desses materiais no TSC, os valores das propriedades e das variações de acordo com as faixas de RF.

8.2.5.Arquivo eletrônico contendo o modelo CAD do TSC, nos formatos *.sat, *.sab, *.step, *.stp ou *.stl, deve ser fornecido pelo requerente da homologação e mantido pelo Organismo de Certificação Designado - OCD, responsável pela certificação do TSC, para apresentação sempre que requisitado pela Anatel.

8.2.6.A validação do modelo CAD do TSC deve ser realizada de acordo com o item 7.4. Validation of the DUT CAD model da norma ISED SPR-003 (Referência 2.1.12).


9. PROCEDIMENTOS DE ENSAIOS DA DENSIDADE DE POTÊNCIA

9.1.As etapas dos procedimentos de ensaios deste item são apresentadas, de forma resumida, pelo fluxograma da Figura 3.

Figura 3


9.2. Seleção da Faixa RF

9.2.1.Os canais das faixas de RF a serem utilizados nos procedimentos de ensaios devem ser selecionados de acordo com o disposto no item 6.2.4 da norma IEC TR 63170.

9.2.2.Durante a realização dos procedimentos de ensaios, o valor da potência de transmissão e o canal da faixa de RF de operação do TSC devem ser configurados por meio de: software de modo de testes, callbox, estação base ou simulador de rede.


9.3. Seleção da Região de Medição

9.3.1.Selecione uma região de medição, de acordo com a posições de uso especificadas pelo fabricante do TSC, de modo que o valor da densidade de potência possa ser determinado.


9.4. Identificação de Configuração de Amplitude e Fase das Antenas

9.4.1.Identifique todas as configurações de amplitude e fase dos arrays ou sub-arrays de antenas do TSC  na região de medição definida na etapa anterior.

9.4.2.Caso as configurações de amplitude e fase dos arrays ou sub-arrays das antenas do TSC sejam definidas em codebook, apenas as configurações apresentadas no codebook devem ser utilizadas.


9.5. Seleção do Método

9.5.1.Selecione um dos métodos relacionados a seguir para realizar os procedimentos de ensaios:


9.5.1.1. Pesquisa Exaustiva por Medições:

a) Este método pode ser aplicado nos casos em que:

        i - Todas as configurações de arrays ou sub-arrays de antenas do TSC são identificadas de forma prática.

        ii - Os arrays ou sub-arrays de antenas do TSC utilizam mecanismo de beam-steering por alteração progressiva de fase.

b) Os procedimentos de ensaios do item: Procedimento Geral de Ensaios estabelecido neste documento devem ser executados em todas as configurações de arrays ou sub-arrays de antenas do TSC.

c) Ao final do procedimento, o maior valor de psPD deve ser registrado.


9.5.1.2. Pesquisa por Modelo Computacional:

a) Pode ser utilizado modelo computacional de acordo com as disposições do item: DO MODELO COMPUTACIONAL (OPCIONAL), deste documento.

b) Execute simulações de todas as configurações de arrays ou sub-arrays de antenas utilizando o modelo computacional, com o objetivo de encontrar as configurações que apresentem os maiores valores de sPD e psPD.

c) Os maiores valores de sPD e psPD obtidos com a utilização do modelo computacional devem ser avaliados de acordo com o item: Procedimento Geral de Ensaios, estabelecido neste documento.


9.5.1.3. Otimização de Medições:

a) Este método pode ser utilizado quando for possível realizar medições de um subconjunto de configurações de arrays ou sub-arrays de antenas, cujos resultados sejam equivalentes aos que seriam obtidos por intermédio da medição de todas as configurações de arrays ou sub-arrays de antenas do TSC.

b) Devem ser executados os seguintes procedimentos estabelecidos neste documento:

           i - Método do Limite Superior, em conjunto com Algoritmos de Reconstrução; e

           ii - Procedimento Geral de Ensaios.

c) Outras técnicas de maximização podem ser utilizadas em substituição ao Método do Limite Superior, de acordo com o item que trata do Método do Limite Superior neste documento.

d) Ao final dos procedimentos, devem ser obtidos os valores referentes ao limite superior de psPD e ao erro máximo.


9.5.2. As etapas deste procedimento devem ser executadas até que sejam atendidas todas as condições apresentadas na ordem dos incisos a seguir:

i - Todas as configurações de arrays e sub-arrays de antenas devem ser ensaiadas;

ii - Todas os planos ou superfícies do TSC devem ser ensaiados, quais sejam: superfície frontal, superfície traseira,  superfície lateral direita, superfície lateral esquerda, superfície lateral superior e superfície lateral inferior; e

iii - Todas as faixas de RF do TSC devem ser ensaiadas.


9.5.3.

9.5.3.Determine a Taxa de Exposição Total (TER), de acordo com o item: Procedimentos de Ensaios de TSC com Múltiplas Antenas ou Múltiplos Transmissores deste documento.


9.6. Procedimentos de Ensaios de TSC com Múltiplas Antenas ou Múltiplos Transmissores

9.6.1.Aplicam-se as disposições do item 6.5 da norma IEC TR 63170 para determinação da Taxa de Exposição Total (TER), para os casos de TSCs que utilizem múltiplas antenas ou múltiplos transmissores simultaneamente.


9.7. Procedimentos de Ensaios com Acessórios

9.7.1.Os procedimentos de ensaios com acessórios devem ser realizados em cada faixa de radiofrequências (RF) disponível no TSC.

9.7.2.A tecnologia a ser ensaiada, em cada faixa de RF, deve ser aquela que apresentar o maior valor de PD durante a realização dos procedimentos de ensaios sem acessórios, na respectiva faixa de RF.

9.7.3.A medição de PD no TSC com seus acessórios deve ser realizada no manequim – plano na configuração de uso da estação em conjunto com cada acessório.

9.7.4.Caso o TSC seja fornecido com acessórios variados e que estes não contenham partes condutivas (metal) em sua fabricação, devem ser realizados somente testes sem acessórios.

9.7.5.Caso o TSC seja fornecido com acessórios variados e que estes contenham uma ou mais partes condutivas (metal) em sua fabricação, devem ser testadas com cada acessório.

9.7.6.Se vários acessórios usam a mesma parte condutiva (metal), apenas o acessório que posicione a estação mais próxima do manequim – plano deve ser testada.

9.7.7.O TSC fornecido com saída para fone de ouvido através de conexão por cabo deve ser testado no manequim – plano com o cabo e o fone de ouvido.


9.8. Procedimentos de Ensaios com Baterias

9.8.1.Para TSC comercializados com duas ou mais baterias que apresentem diferenças relativas à(ao): capacidade de carga, dimensões físicas ou circuito de proteção, os ensaios deverão ser realizados, na integra, com a bateria que apresente maior capacidade. As demais baterias poderão ser utilizadas somente nos ensaios para determinação do maior valor de PD em cada faixa de radiofrequências.


9.9. Procedimentos de Ensaios com Fonte de Alimentação

9.9.1.Equipamentos com uma fonte externa de alimentação elétrica suplementar à bateria devem ser testados com e sem a fonte externa conectada à rede elétrica.


9.10. Procedimento Geral de Ensaios

9.10.1.Aplicam-se os procedimentos estabelecidos no item 6.4 e no Anexo F da norma IEC TR 63170.

9.10.2.O fluxograma da Figura 4 apresenta, de forma resumida, os procedimentos de ensaios da norma IEC TR 63170 que deverão ser executados, de acordo com a localização da superfície de avaliação.

Figura 4


10. AVALIAÇÃO DA INCERTEZA

10.1.A incerteza deve ser avaliada considerando-se o disposto neste item sobre a Incerteza do Modelo Computacional, em conjunto com o item 7 da norma IEC TR 63170, como também, de acordo com as disposições do guia INMETRO (Referência 2.1.14).

10.2.Incerteza do Modelo Computacional

10.2.1.A incerteza do modelo computacional deve ser apresentada no relatório de ensaios, de acordo com as informações da tabela do item 7.4 da norma IEC/IEEE 62704-1, considerando-se as modificações referentes aos seguintes itens:

a) As características dielétricas do manequim devem ser substituídas pela avaliação dos parâmetros Dielétricos do TSC.

b) O valor do desvio em virtude da perda em condutores do TSC deve ser calculado em função de uma distribuição da probabilidade retangular, considerando-se os valores das perdas em todos os condutores do TSC, de acordo com os valores das tolerâncias de condutividade apresentadas nas especificações técnicas do TSC.

c) O valor da incerteza associada à técnica de maximização de campo deve ser incluída na margem de incerteza numérica total.


11. RELATÓRIO DE ENSAIOS

11.1.Os resultados obtidos por intermédio da realização dos procedimentos de ensaios descritos neste documento devem ser apresentados no relatório de ensaios, de acordo com o item 8 da norma IEC TR 63170, que deve conter todas as informações necessárias para a interpretação dos resultados obtidos.

11.2.A elaboração do relatório de ensaios deve atender as diretrizes estabelecidas pela norma ABNT NBR ISO/IEC 17.025 (Referência 2.1.13).


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